Araci Esteves ganha prêmio de melhor atriz no 16º Porto Alegre em Cena



A peça
MarLeni participou do 16º Porto Alegre em Cena no dia 17 de setembro de 2009, no Teatro do CIEE. O público foi ótimo, mais ou menos trezentas pessoas interagindo com peça. A atriz Araci Esteves, que interpreta a diva Marlene Dietrich, ganhou o prêmio Brasken de melhor atriz pela sua ótima performance.

A noite da premiação foi emocionante, com direito ao lindo show de Nico Nicolaiewski.

A peça MerLeni encerrou suas temporadas do ano no Teatro Renascença no final de agosto e início de
setembro.

Muito obrigada a todos que assistiram, participaram e apoiaram esse espetáculo!






Nova temporada

Assista a trechos do espetáculo que retorna a partir do dia 27 de Agosto, no Teatro Renascença.

Espetáculo “Marleni” retorna para última temporada do Ano!

Sucesso de público e crítica na Europa, e agora também no Brasil, o Espetáculo “Marleni” volta aos palcos gaúchos para a última temporada do ano no final do mês de agosto no Teatro Renascença (27 a 30 de Agosto e 3 a 6 de Setembro/ Quinta a domingo).

Premiado no concurso Fumproarte, a peça tem a direção de Liliana Sulzbach e Márcia do Canto, diretoras de cinema e teatro respectivamente, e promete interação entre as linguagens. Araci Esteves e Ida Celina interpretam as divas num momento de suas vidas onde já não há mais tempo nem espaço para concessões e agrados. O texto afiado da dramaturga alemã Thea Dorn será montado em primeira mão no Brasil.
A montagem tem o apoio e o envolvimento do Instituto Goethe e co-produção da Zeppelin Filmes e Liliana Sulzbach.

Marleni versa sobre o encontro fictício de duas divas do cinema em decadência: Marlene Dietrich e Leni Riefenstahl. Em seu apartamento em Paris, no leito de morte, Marlene recebe a inesperada visita da diretora Leni Riefenstahl, que propõe a Marlene o papel principal em "Pentesileia", filme capaz de resgatar o distante passado glorioso de ambas.

Neste encontro, ressentimentos e alegrias vêm à tona. Enquanto Marlene se orgulha de seu passado como diva do cinema internacional, mulher sedutora e de posições contrárias ao nazismo, Leni demonstra toda a sua determinação ao propor um filme possível de projetá-la novamente como uma das maiores cineastas que a Alemanha já produziu, livrando-a do ostracismo em que permaneceu nos últimos 50 anos, por sua conivência com o regime nazista.

Apesar de partilharem a mesma cultura, o mesmo período histórico, o mesmo ofício, o encontro entre dois mundos opostos fica evidente, expondo toda a fragilidade, determinação e contradições dessas mulheres: O anjo antifascista e a bruxa nazista, o produto de fantasias masculinas e a produtora de imagens de heróis, a liberal e a romântica, a vamp andrógina e a ingênua assexuada. Ícones femininos tratados com humor aguçado e ironia cortante.

As escolhas de cada um

Paris, 5 de Maio de 1992.

Uma atriz reclusa há muitos anos em seu apartamento, recebe a inesperada visita de uma diretora de cinema, que traz na bolsa um roteiro e promessas de fazer um filme que vai resgatar o passado glorioso de ambas.

Esta história poderia fazer algum sentido, se ambas não estivessem às vésperas do The end derradeiro, e se as mulheres em questão não fossem Marlene Dietrich e Leni Riefenstahl.

Inimigas declaradas, elas estiveram em lados opostos na maior parte de suas vidas. Com a ascensão do Nazismo, Marlene embarcou para a América e seguiu carreira em Hollywood, enquanto Leni tornou-se a cineasta preferida do Führer. Para Marlene, Leni corrompeu-se como pessoa, ao colocar seus serviços a favor de um regime cruel. Já Leni, acusa Marlene de corromper-se como artista, ao aceitar papéis em filmes medíocres que não passavam de entretenimento barato.

Marlene foi ao front, tornou-se o anjo antifascista, enquanto Leni era considerada a bruxa nazista. Os opostos eram evidentes não só no campo de batalha, mas também no papel desempenhado por estas mulheres nos filmes e na vida. Marlene era a liberal, a vamp andrógina, o produto de fantasias masculinas, enquanto Leni desempenhava papéis de menina ingênua, assexuada, que ao tornar-se diretora, produzia imagens de heróis.

Leni buscava o romantismo. Marlene zombava do amor ao declarar que “é preciso escolher entre ser feliz ou ser famosa”.

O texto de Thea Dorn é arrebatador. Impossível ficar indiferente a ele, mesmo que se viva e consuma outros tempos e compartilhe outra cultura. As contradições servem de munição para diálogos cortantes, para em seguida dar espaço a reflexões dramáticas e desconcertantes. Mesmo faces tão diferentes podem pertencer à mesma moeda. Perspicaz, irônico, feroz, ele se impõe porque fala de escolhas, responsabilidades e papéis que desempenhamos.

“Tudo na vida depende da linha de combate em que se abriu as pernas, Mädchen!! Declara uma irônica Marlene Dietrich.

Marlene sabia bem do que estava falando. Mesmo lutando contra o nazismo, foi considerada por muitos em sua terra natal como traidora da pátria e indesejável na Berlim que tanto amava. Pagou o preço por suas escolhas.

Já a perseverante Leni, gostaria de esquecer o passado e pensar no futuro.

Mas que futuro é este, quando se é refém do passado?

“Que culpa tenho eu de ter nascido neste século de merda?”, reclama Leni ao referir-se ao conturbado século XX, para em seguida confessar: “Procurei apenas o paraíso. Sempre procurei apenas o paraíso perdido”.

Apesar de realizar obras geniais, seu posicionamento político acabou com sua carreira.

Pois é, frau Riefenstahl, no céu ou no inferno, na terra ou no paraíso perdido, tudo na vida das mulheres depende da linha de combate em que se abriu as pernas.

Pensando bem, essa história parece fazer algum sentido.

Divirtam-se!

Liliana Sulzbach e Márcia do Canto